Apesar
das divergências sobre o melhor modelo a ser usado para geração
de energia elétrica, um consenso pôde ser observado no primeiro
dia do Simpósio Internacional da Qualidade Ambiental, realizado
no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre: diversificação
da matriz de energia elétrica. . As palestras iniciaram nesta segunda-feira
(19/05) e seguem até quarta-feira (21/05) reunindo especialistas
de diversas áreas do Brasil e do mundo. Os debates trouxeram um
cenário preocupante na discussão da preservação
do meio ambiente no Brasil e no mundo e em várias declarações
ficaram claras necessidades urgentes de mudanças.
- O objetivo é discutir a geração de energia elétrica,
mas também queremos alertar para necessidade de conscientização
sobre como se dá o consumo. É preciso refletir sobre como
estamos pensando nossas cidades? - questionou a coordenadora do Simpósio
Internacional de Qualidade Ambiental, Jussara Kalil Pires.
O Presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral,
Fernando Zancan, comentou a necessidade de uma mudança na maneira
como a sociedade está vendo o assunto.
- É preciso diversificação para diminuir os impactos
causados pela geração de energia. O mundo não está
encarando isso de frente - disse.
A realidade brasileira construída em cima de geração
de energia a partir de hidrelétricas é um fenômeno
positivo, mas ao mesmo tempo preocupante. Se por um lado a opção
foi acertada pelos menores impactos ambientais e grande capacidade de
geração de energia, hoje os impactos de mudanças
no clima estão tornando a matriz insegura. É o que avalia
a Presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica,
Élbia Melo.
- Um período úmido e chuvoso permite encher reservatórios
para serem aproveitados depois. Porém, o que tivemos no Brasil
nos últimos anos é que o período úmido não
teve a quantidade de chuvas esperadas. Esse fator é importante
pro Brasil que sempre expandiu sua matriz na base hidrelétrica,
mas é preciso pensar que estão acontecendo mudanças
climáticas que afetam essa realidade atual - afirmou.
A prática de haver um licenciamento de um projeto e não
pensar em um conjunto ambiental foi lembrara pelo pesquisador do Grupo
de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da UFRJ,
Pedro Bara Neto. Ele comenta que, atualmente, há uma resistência
muito grande em se construir uma política ou um programa ambiental.
- A questão estratégica muitas vezes fica deixada de lado.
É preciso inverter essa discussão pensando no que o ambiente
vai afetar a energia e não o contrário. A partir disso precisamos
pensar como se dará a produção de energia a partir
das mudanças climáticas atuais - disse.
A transformação do modelo japonês de geração
de energia elétrica foi comentada pelo Gerente de Mercado Urbano
da Sulgás, Guilherme Garcez, mostrando que mesmo do outro lado
do mundo, uma definição de estratégia diferente na
produção de energia afeta o Brasil.
- Matriz energética não é que nem roupa que a gente
troca a todo instante. Porém, o Japão conseguiu isso, após
o desastre nuclear. Rapidamente isso afetou o mundo, alterando valores
no mercado.
O especialista lembrou ainda que a sociedade não está preparada
para mudanças dando o exemplo de que, hoje, nenhum brasileiro está
abastecendo o carro com Etanol, que é menos poluente, mas acaba
optando pela gasolina porque o preço é mais vantajoso.
A programação contou ainda com o debate do aproveitamento
do carvão e seus impactos ambientais. O assunto foi trazido pelo
convidado internacional do Centro de Investigaciones Energéticas
Medioambientales y Tecnológicas - CIEMAT - de Madrid, na Espanha,
Juan Otero de Becerra.
- O que se vê internacionalmente é uma provável estagnação
da produção de energia a partir do carvão e um crescimento
considerável de energias alternativas, principalmente a eólica
e a solar. É preciso considerar, no entanto, que a produção
de energia, hoje, está muito diferente do que era no passado. A
evolução da tecnologia de uso limpo do carvão fez
que aumentasse a eficiência e diminuísse o índice
de emissão - explicou Juan Otero de Becerra.
O aproveitamento da energia eólica e o ambiente foram a pauta da
tarde discutindo impactos ambientais, mitos e realidade. A programação
de terça-feira (20/05) traz o debate de temas como hidrelétricas,
alternativas energéticas, mobilidade urbana e perspectivas da energia
solar no Brasil.
O IX Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental - Energia e
Ambiente acontece no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael
e é realizado através de parceria entre a ABES-RS, PUCRS
e Faculdade de Engenharia da PUCRS, com a co-realização
da Metroplan, da Fepam, da UFRGS e do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Outras informações
podem ser obtidas no site www.abes-rs.org.br/qualidade2014
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Marcelo Matusiak
Convidado internacional
Juan Otero de Becerra
Marcelo Matusiak
Juan Otero de Becerra
de Madrid, na Espanha
Marcelo Matusiak
Palestras
Marcelo Matusiak
Especialistas discutem
alternativas econômicas e ambientais
Marcelo Matusiak
Coordenadora do encontro,
Jussara Kalil Pires
Marcelo Matusiak
Abertura do evento
Marcelo Matusiak
SImpósio Internacional
de Qualidade Ambiental
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