Gerar
energia limpa e consumir de forma consciente foram temas centrais do último
dia do IX Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental realizado
no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre.
A Biodigestão entrou com força no Brasil na década
de 90, mas por pouco investimento acabou sendo deixada de lado. Diante
de uma nova realidade na qual as usinas hidrelétricas começam
a enfrentar dificuldade com escassez de produção para demanda,
a Biodigestão volta a ser percebida com um olhar diferenciado.
O assunto foi trazido pela palestrante engenheira civil da Universidade
Técnica de Braunschweig, na Alemanha, e consultora da GIZ - Agência
de implementação da cooperação alemã
para o desenvolvimento, Christiane Pereira Dias. Segundo ela o Brasil
possui um cenário semelhante a todos os outros países da
América Latina, mas fica ainda muito distante do que é desenvolvido
na Europa. No Brasil, durante a década de 90, houve um fomento
grande para o Biodiesel a partir da agropecuária buscando geração
de créditos de Carbono, fundamentalmente na região sul.
Elas entraram em operação, mas não tiveram continuidade
por falta de capacidade técnica e pouca disponibilidade de equipamentos
de manutenção e peças de reposição.
- A grande maioria das plantas foi encerrada ou estão operando
gerando algum tipo de biogás, mas sem a recuperação
energética. Tivemos um ápice de desenvolvimento e depois
uma estagnação completa a partir dos anos 2000. Porém
com todas essas novas questões em relação a mudanças
climáticas e preservação de recursos naturais, isso
tem garantido um movimento do próprio Governo Federal de fomentar
novamente esses projetos de Biodigestão - disse.
A Biodigestão é um processo de decomposição
biológica das frações orgânicas num ambiente
sem oxigênio. Com isso se gera o metano que pode ser valorizado
e empregado na forma de energia elétrica ou na condição
de gás alternativo. Diferente do que muitos pensam a Biodigestão
não depende exclusivamente de uma eficiente coleta seletiva do
lixo.
- Existem plantas que trabalham com coleta seletiva de orgânicos
e outras principalmente na Europa com resíduos mistos. A diferença
é que no caso de resíduos separados há uma demanda
menor de preparo mecânico. No segundo sistema, esse material exige
que a planta acrescente novos aparelhos mecânicos - explicou Christiane.
A maioria das plantas atuais está localizada no Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná. Em São Paulo existem unidades,
porém com foco na geração a partir de esgoto. A novidade
são 5 grandes plantas que estão contratadas para São
Paulo e que irão entrar em operação em breve. Além
disso, uma chamada de pesquisa prevê investimentos de R$ 330 milhões
em pesquisa para 16 projetos na área.
O GNVerde Biometano, combustível sustentável produzido no
Rio Grande do Sul através de um projeto da Sulgás, foi apresentado
aos participantes pelo coordenador de novos negócios e tecnologias
GNVerde, Charles de Souza Netto. A alternativa de tratamento térmico
de resíduos foi tema da palestra do diretor de desenvolvimento
de negócios da Foxx Haztec Soluções Ambientais Completas,
Alexandre Citvaras.
O evento também apresentou a palestra Construções
Sustentáveis e Eficiência Energética, com a apresentação
do coordenador do projeto de Implantação do Centro Brasileiro
de Eficiência Energética em Edificações, Roberto
Lamberts.
- Uma das experiências mais interessantes é pensar o conforto
térmico na relação coletivo ou individual. Existem
experimentos que mostram que é possível gerar conforto térmico
em geral na temperatura de 17 graus Celsius a 25 graus Celsius. Variações
acima ou abaixo disso devem ser individuais, por exemplo, com um aquecimento
da poltrona ou um aquecimento para os pés - explicou.
A palestra apresentou um resumo do cenário brasileiro em relação
ao consumo de energia elétrica. A indústria representa a
maior faixa de consumo representando 37% do total. No uso residencial,
a preocupação maior é com os sistemas de climatização
HVAC, que respondem por 20% do que é gasto em uma residência.
O licenciamento ambiental no Setor Elétrico também foi pauta
do encontro. O Presidente da FEPAM-RS, Nilvo Luiz Alves da Silva ressaltou
ações que precisam ser implantadas para tornar o licenciamento
ambiental mais efetivo.
- O licenciamento ambiental precisa ter um significado verdadeiro de proteção
ambiental e não só ser um trâmite burocrático
a ser vencido. Defendo que para isso é preciso ir além das
discussões pura e simplesmente do licenciamento. Precisamos abrir
e qualificar a discussão de planejamento do setor elétrico
e acabar com uma irracionalidade que vemos constantemente nos jornais.
Os investimentos são feitos em bilhões de Reais em grandes
projetos e não acontece o investimento, sequer parecido, em melhorias
da capacidade de atendimento dos órgãos ambientais - declarou.
O presidente do IBAMA, Volney Zanardi Junior ressaltou avanços
importantes que estão sendo feitos.
- Graças uma resolução recente conseguimos resolver
problemas históricos de competências entre as esferas de
governo. Além disso, trabalhamos na especialização
de normas de licenciamento ambiental porque muitas vezes há problemas
de interesses e muita pressão - disse.
O Brasil possui 827 licenças ambientais em curso. O que mais chama
a atenção é o número de pessoas envolvidas
em audiências públicas totalizando 12.400 participantes,
segundo balanço do ano de 2013.
O IX Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental - Energia e
Ambiente foi realizado no Centro de Eventos do Hotel Plaza São
Rafael e é realizado através de parceria entre a ABES-RS,
PUCRS e Faculdade de Engenharia da PUCRS, com a co-realização
da Metroplan, da Fepam, da UFRGS e do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. |
Marcelo Matusiak
Mesa de discussão
sobre licenciamento ambiental
Marcelo Matusiak
Presidente da Fepam/RS
Nilvo Silva
Marcelo Matusiak
Presidente do IBAMA,
Volney Zanardi Junior
Marcelo Matusiak
Mudanças climáticas
estiveram em pauta
Marcelo Matusiak
Roberto Lamberts falou
sobre construções sustentáveis
Marcelo Matusiak
Palestrante exibiu cases
de residências que são modelo em consumo consciente
Marcelo Matusiak
Evento realizado em
Porto Alegre
Marcelo Matusiak
Palestrante Christiane
Pereira Dias falou sobre Biodigestão
Marcelo Matusiak
Apresentação
de trabalhos técnicos
Marcelo Matusiak
Exibição
de cases de sucesso com plástico
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