Porto Alegre tem mais de
sete mil pessoas que trabalham informalmente todos os dias na coleta de
lixo reciclável. Se somados também os catadores que percorrem
as ruas das cidades selecionando plásticos e papéis em períodos
irregulares, como forma de complementar a renda familiar, esse número
pode dobrar, segundo Eliane Nunes Peres, presidente da Federação
das Associações de Recicladores de Resíduos Sólidos
do Rio Grande do Sul (Farrgs). "A situação de clandestinidade
se repete na maioria dos municípios, não só gaúchos,
mas de todo o país", diz ela.
Para
fazer o primeiro mapeamento dos catadores e dos trabalhadores que operam
na triagem e classificação do lixo que já estão
organizados em associações ou cooperativas, a Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-RS), em conjunto
com a Farrgs e o patrocínio da Companhia Petroquímica do
Sul (Copesul), lançaram nesta quarta-feira (15/12) o Guia de Reciclagem
do Rio Grande do Sul - 2005, contendo uma listagem dos contatos de entidades
que atuam nesta área no Estado.
Nesta primeira edição,
o Guia de Reciclagem do Rio Grande do Sul, que deverá ser atualizado
anualmente, também traz informações gerais sobre
como a população pode proceder em casa e no trabalho para
facilitar a coleta do lixo, além de dados sobre categorias e grupos
de plásticos recicláveis e um pequeno glossário de
termos empregados na área ambiental.
Com 40 páginas e
elaborado em papel reciclado, o guia tem formato tablete (14 x 20 cm),
visando uma utilização prática e efetiva por organismos
e pessoas ligados ao setor, ou aqueles que buscam fontes de informações
sobre a reciclagem feita pelo sistema de economia solidária, em
que a renda é dividida entre os próprios trabalhadores.
Empresas que atuam no setor individualmente, com fins lucrativos, não
foram incluídas na publicação.
Atualmente, existem cerca
de 100 entidades de catadores no Estado, das quais 52 estão organizadas.
Mas apenas 15% do lixo gerado no Rio Grande do Sul é reciclado,
informa Jussara Kalil Pires, da ABES-RS. "A idéia é
incentivar o estabelecimento de políticas públicas e fortalecer
o sistema de coleta e reciclagem junto às prefeituras, através
de parcerias com o empresariado, evitando a proliferação
de depósitos clandestinos de lixo", diz Jussara. Dos 496 municípios
gaúchos somente 80 possuem coleta seletiva de lixo, alguns de forma
bastante incipiente, apesar da exigência da Lei Estadual 9921, que
atribui essa responsabilidade ao poder público municipal. |