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Corsan é responsável pela revolução no saneamento básico do RS

27/03/2016 | ABES-RS

Com proposta de gestão diferenciada, Companhia desenvolveu os serviços públicos de abastecimento de esgotos sanitários e água potável

O saneamento básico do Rio Grande do Sul pode ser dividido entre antes e depois do surgimento da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). A afirmação é do químico e ex-sócio da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção Rio Grande do Sul (Abes-RS), Nereu Vieira, que fez parte da primeira equipe da Companhia.

- Acredito que o principal destaque e a grande contribuição da Corsan ao Estado é o desenvolvimento do saneamento – afirma Vieira.

Um século antes do surgimento da Companhia, alguns municípios já haviam instalado sistemas públicos de abastecimento de água, como Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. Porém, entre as décadas de 1930 e 1940, iniciou o processo de expansão das cidades, ocasionando problemas de infraestrutura e meio ambiente.

Devido ao fato de a população estar propensa a contrair doenças oriundas de águas contaminadas, o secretário de obras públicas do Estado, Walter Jobim, escreveu ao interventor Ernesto Dornelles, em 1944, enquanto ele ocupava o cargo do Executivo gaúcho. No documento, Jobim defendeu a criação de um plano de saneamento que contemplasse todo o Rio Grande do Sul.

Em 1945, o governo gaúcho conseguiu os recursos necessários para financiar o projeto. Na época, o Rio Grande do Sul possuía 88 municípios e outros quatro em fase de criação. Entre estas 92 cidades, apenas 17 possuíam abastecimento regular, uma recebia obras de implantação e outras quatro captavam água de dunas e poços. Ainda deste total, apenas 15 contavam com serviços de esgoto.

20 anos depois do plano geral de saneamento, a Corsan foi criada através da Lei 5.167, de 21 de dezembro de 1965. No entanto, a assembleia de constituição da companhia ocorreu no dia 28 de março de 1966, no salão nobre do Palácio Piratini. Na época, o Estado contava com 6.650 mil habitantes e 234 municípios com população urbana de 3.150.300 cidadãos. Entre os 112 municípios com serviço de abastecimento, apenas 64 possuíam tratamento clássico completo. Ainda, entre estas cidades, apenas 19 contavam com uma rede de esgoto sanitária.

O arquiteto e urbanista Waldyr José Maggi foi o primeiro diretor-presidente da Corsan. Com uma proposta diferenciada, a sociedade de economia mista surgiu com o objetivo de realizar estudos, projetos, construção, operação e exploração dos serviços públicos de abastecimento de esgotos sanitários e água potável.

Os resultados começaram a surgir pouco mais de dois anos após a sua fundação. Com 33 meses de atividades, a Corsan elaborou o Programa Global de Necessidades nas Áreas de Saneamento Básico e do Abastecimento de Água. Foi a partir deste projeto que muitas ações puderam ser postas em prática. Já a administração da companhia ficou dividida da seguinte forma: 40% da receita era destinada ao pagamento de pessoal e 30% era repassada para novos investimentos. O restante ficava à disposição dos serviços prestados de forma regular.

De forma a aperfeiçoar seus trabalhos, foi instituído o quadro de carreira, que definiu a estrutura de todos os órgãos e atribuições dos colaboradores. Eles também começaram a frequentar cursos de formação, preparação e aperfeiçoamento. A iniciativa foi necessária pois para formar a primeira equipe da Companhia e dar início aos trabalhos, muitos funcionários do Estado foram remanejados para a nova empresa.

- A minha história profissional começou junto com a Corsan. Me formei em engenharia civil no final de 1965 e no ano seguinte estava trabalhando na Companhia – recorda o engenheiro civil e associado da Abes-RS, Luiz Antônio Timm Grassi.

Durante o período de transação dos serviços estaduais para a Corsan, Grassi foi responsável por percorrer o Rio Grande do Sul para fazer relatórios e levantamentos de obras já iniciadas e ver as que seriam necessárias começar.

- Corria muito para conhecer todas as cidades. Acredito que não exista uma que eu não conheça no interior do Estado. Precisava percorrer as ruas para poder fazer o projeto de instalação de rede – conta Grassi.

De integrante do Conselho Técnico Consultivo, o engenheiro foi convidado a participar da equipe que projetaria a rede de esgoto do Polo Petroquímico, na década de 80. No entanto, Grassi não chegou a participar de todo o projeto, pois foi solicitado a fazer parte da equipe que trabalharia com a Metroplan, na mesma década, para desenvolver o relatório “A situação do saneamento nas áreas críticas do Rio Grande do Sul”.

- Nesta época, a Corsan tinha problemas na captação de água, que vinha muito poluída. Entendemos, então, que a Companhia tinha que se envolver em questões ambientais e cuidar da sua matéria-prima – conta Grassi.

Ainda na década de 1970, foi criado o Plano Nacional de Saneamento (Planasa), que permitiu a implantação da Estação de Tratamento de Santa Maria e do Canal Adutor de Rio Grande, que foi considerada a obra do século. O canal de São Gonçalo contava com 24 quilômetros e conduzia a água até uma estação de tratamento com capacidade de processamento de 1.200 litros por segundo.

Já no início da década de 1980, mais precisamente em 1983, a Corsan completou, em uma residência de Camaquã, um milhão de ligações.

Com o avanço dos movimentos de preservação do meio ambiente e conscientização ecológica, paralelamente ao surgimento da nova Constituição, os estados brasileiros começaram a discutir a respeito de seus recursos hídricos, focando no gerenciamento de bacias hidrográficas. A partir disto, o Governo Federal incentivou a criação dos Comitês de Estudos Integrados. Já no Rio Grande do Sul, foi instalado, em 1979, o Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia do Guaíba.

- Atuando como chefe de Assessoria de Recursos Hídricos da Corsan, participei do projeto, desenvolvido em conjunto com os municípios de Novo Hamburgo e São Leopoldo que culminou na criação do Comitesinos (Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos), em 1987 – lembra Grassi.

Deste trabalho voltado às bacias hidrográficas, foi de onde também surgiu a Lei das Águas, aprovada no final de 1994.

O engenheiro destaca ainda a importância da Corsan para o desenvolvimento do saneamento básico no Rio Grande do Sul, como uma referência nacional, visto que ela foi a primeira companhia estadual com uma nova proposta.

Segundo Grassi, a Companhia sempre teve como objetivo levar água tratada a todas as residências e fez com que a tarifa fosse cobrada igualmente entre as cidades. O engenheiro explica que com a dificuldade de captação em alguns municípios, muitos não teriam o serviço se a Corsan não agisse desta maneira. Grassi reforça, ainda, que a Corsan mostrou que o Estado tinha a capacidade de fornecer este serviço que não seria possível através da iniciativa privada.

A Abes-RS trabalha em prol do desenvolvimento na área de saneamento ambiental e se orgulha dos feitos realizados pela Corsan até hoje prestando sua homenagem aos 50 anos de história, que são comemorados neste 28 de março.

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