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Reciclar os princípios e as ações é fundamental para enfrentar o zika vírus

29/01/2016 | ABES-RS

Problemas de infraestrutura, como abastecimento de água e coleta de resíduos sólidos, são ainda aspectos que favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti nas cidades


O cenário epidemiológico de expansão de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como zika e chikungunya, além da já conhecida dengue, demonstram que persiste a necessidade de investimentos em saneamento básico para as cidades brasileiras. A bióloga e membro da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção RS (Abes-RS), Maria Mercedes Bendati afirma, ainda, que é necessário reciclar os princípios e ações para enfrentar a situação atual.

As dificuldades enfrentadas atualmente com o saneamento básico se devem, principalmente, ao fato de expansão das cidades. Em 1970, 55,9% da população brasileira vivia na cidade. Em 2010, o índice saltou para 84,3%, contando com mais de 160 milhões de pessoas em centros urbanos. Sem planejamento, surgiram problemas de infraestrutura. Além do fornecimento de água, são históricas as defasagens na coleta e tratamento de esgoto, resíduos sólidos e drenagem pluvial.

Com a crise hídrica recente, também aumentou para a população a necessidade de armazenar água potável em certas cidades, o explica porque este ainda é um dos principais criadouros do Aedes aegypti em algumas regiões do Brasil. Outro aspecto importante é relacionado ao aumento do consumo de produtos descartáveis produzidos com compostos não biodegradáveis e que por problemas de coleta inadequada de resíduos, ao se acumular com água tornam-se focos do mosquito.

Em 2001, políticas públicas surgiram através de uma orientação da Organização Mundial da Saúde para a erradicação do Aedes aegypti, no entanto, esta opção não se tornou viável ao longo do tempo. Atualmente, a orientação nacional é para o controle do mosquito vetor.

- Devemos incorporar novas estratégias para monitoramento e controle desse mosquito, assim como adequar as ações para as características e problemas específicos de cada município. Ter diretrizes nacionais, mas permitir que ajustes locais sejam feitos é fundamental para a sustentabilidade das ações - comenta Mercedes.

Enquanto o poder público busca soluções para as demandas, o mosquito vai sobrevivendo. Sua característica biológica, que permite que os ovos permaneçam em ambiente seco por mais de 500 dias, permite a sua viabilidade após muitos meses, o que faz com ele possa ser transportado por via terrestre, marítima ou área, ampliando sua distribuição geográfica.

As ações de controle do mosquito envolvem tanto as políticas públicas quanto a ação individual e comunitária. Promovendo o saneamento de áreas das cidades e incentivando as pessoas a removerem os recipientes e locais que possam acumular água, são orientações fundamentais.

- O fato é que precisamos fazer com que a população atue na prevenção de criadouros nas casas. É preciso que as pessoas assumam o cuidado permanente. Não há sustentabilidade financeira e ambiental para que servidores da saúde, o exército ou outros agentes estejam a cada dez dias visitando todas as casas no país para removerem focos do mosquito - argumenta Mercedes.

O controle com inseticidas é realizado apenas pelos órgãos de Vigilância em Saúde nos municípios, de acordo com orientações do Ministério da Saúde, quando houver casos confirmados de doentes. Isso porque o inseticida atua apenas na forma adulta do mosquito, e não é eficiente para ovos e pupas (fase intermediária entre a larva e vida adulta). Porém, muitas pessoas acreditam que a aplicação dos produtos é a solução do problema, o que tem levado ao seu uso indevido. Mercedes informa que a recomendação é para o controle mecânico dos criadouros, isto é, tampar, virar, remover e descartar tudo o que pode servir de criadouro do mosquito. Apenas nos locais de difícil remoção é que podem ser utilizados produtos químicos, inclusive larvicidas.

A bióloga reforça ainda que o uso indiscriminado de larvicidas pelos agentes de saúde reforçam, na população, o sentimento de que apenas o uso de produto químico pode resolver o problema. Para ela, esta concepção errônea reduz o comprometimento necessário pelo cuidado constante de prevenção nas casas pelo morador e dificulta a redução da infestação do mosquito.

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